Observando o mundo à minha volta, cheguei a uma conclusão interessante. As pessoas, em sua maioria, odeiam aqueles que são melhores do que elas. Ao invés de nutrirem admiração, fazem justamente o contrário. Tentam maldizê-los, difamá-los, amaldiçoá-los. Perdeu-se o ideal de auto-superação, de aperfeiçoamento. O que temos agora é a crescente mediocridade, que movida por um impulso psíquico poderosíssimo, sufoca todas as tentativas de crescimento desses espíritos indômitos. Esse vilão, na verdade, é uma vilã: chama-se Vaidade.
Quando penso na Vaidade, lembro-me do filme "Advogado do Diabo", onde o Diabo, interpretado por Al Pacino, diz: "Vanity, definitely my favorite sin" (Vaidade, definitivamente meu pecado favorito). Essa deficiência é a rainha do engodo, da trapaça. Nos bajula, faz-nos crer que temos um valor inimaginável para os outros reles mortais e que talvez somente Deus compreenderia nossa importância, mas Ele que não se engane! Terá de se esforçar bastante para tal. Somos a barata que, olhando no espelho através da lente dessa impostora, vemos refletido o gigante Adamastor.
Vejo agora a força que um mero pensamento pode adquirir. Um pensamento, dentre tantos outros que povoam nossas mentes, pode nos manipular como o titereiro brinca com o fantoche, embotando nossa razão e estimulando perniciosamente nossa imaginação. A seriedade disso é tão grande que fazemos exatamente o contrário do aconselhado pelo Filósofo (como dizia o Sto. Tomás de Aquino): amar o que deve ser amado e odiar o que deve ser odiado.
Essa tendência pode ser observada em diversos aspectos da vida comum e cotidiana. Vemo-la em relações internacionais, travestida de críticas em relação a outros países, principalmente contra os Estados Unidos da América, que trabalharam muito (sim, trabalharam) para alcançar o lugar que hoje, com muito esforço (sim, com esforço) tentam manter; vemo-la em movimentos políticos, onde instiga as massas a acreditarem numa quimera ao invés de trabalharem em prol das próprias conquistas, com mérito e honra, sem arrancá-las dos outros (para tal, devemos observar as Leis - como a contra o enriquecimento indevido, por exemplo [e que se aplica nesse caso] -, que foram instituídas para manutenção do bem e da ordem); vemo-la nas relações diretas entre as pessoas, fazendo-as diminuir o conceito de outrem para engrandecer o próprio (claro estado de torpeza e debilidade - em todos os sentidos).
Para todos aqueles que querem ou pretendem melhorar o mundo em que vivem, seja ele particular ou geral, devemos começar pelo particularíssimo: nosso mundo interno. Desalojar esse monstro de nós é o primeiro passo para reverter esse grotesco quadro de horrores (e sua mente agradece pelo asseio). Quem sabe um dia consigamos extirpá-la, como diriam os anglófonos, "for good".
8 comentários:
Excelente. Concordo completamente.
Gostaria de citar um caso que me ocorreu há algum tempo: conversava eu com um colega que andava deprimido pelo seu baixo rendimento acadêmico, tentava dizer-lhe, com palavras amenas, que era hora de ele parar com as lamentações e se inspirar em exemplos admiráveis, colegas que tínhamos* que são de verdadeiro valor intelectual. É quando o sujeito me vira e diz "eu acho que Fulano pode até ser bom nos estudos, mas provavelmente isso o faz ser 'menos' como pessoa". Só não desci porrada por me inspirar fortemente em Morihei Ueshiba.
*O pretérito se justifica pelo fato que que ele não os tem mais como colegas.
Você assistiu "Quero ser John Malkovitch"?
Não, não vi não. Do que se trata?
Um titereiro está em crise profissional e começa a trabalhar como arquivista em uma empresa. Lá ele descobre uma porta que dá acesso à mente do ator John Malkovich. A patir dessa descoberta é que vai rolando a história. O filme é classificado como comédia... é bem hiperbólico e absurdo. Não vá esperando uma análise de nada... só que é a filmagem da figura que você mencionou. Além de que a idéia saiu de um diretor muito louco, consumidor de várias drogas.
São umas duas horas de filme com bons atores: Malkovich (dã!), Cusack, Cameron Diaz (só conseguiram embarangar ela nesse filme).
Beijos
Esse link é do Movie Guide e trás comentários mais detalhados!
http://www.movieguide.com.br/filme.view.php?id_filme=446
Caro Pseudo-intelectualóide,
Tenho quase certeza que V. Sa. figura na lista dos mais chatos do planeta entre os "50 mais".
Recomendo um mergulho no mar, já que mora em Santos, pra tirar essa zica de cima de você.
P.S.: Encontrei seu blog através de seu "magnífico" post que compara Miró a uma criança de 2 anos.
Cara Pseudo-qualquer coisa,
Gostaria de ver, além dessa lista, algumas outras para conferir algumas colocações.
Não sei por que você acha que eu tenho algo como uma "zica" em mim, e pior, por que me importaria com uma infantilidade como essa.
Agradeceria se quisesse fazer algum comentário interessante sobre qualquer coisa que escrevi, mesmo discordante. Estou aqui dando a minha opinião sobre quaisquer coisas que chamaram minha atenção por qualquer motivo que seja. Não estou ensinando ninguém sobre nada porque consigo enxergar minha limitação sobre uma série de assuntos. Se sua limitação é em escrever qualquer coisa pertinente, espero que você estude um pouco antes de escrever qualquer outra coisa na vida.
Gostaria também que você se identificasse pelo nome que consta no seu RG, só para saber que não falo com uma pessoa que única e exclusivamente sofre de dor de cabeça (ou a causa nas cabeças alheias).
Fico feliz em saber que você gostou do meu texto sobre o Miró. Só tem um erro: não o comparei a uma criança de 2 anos; o comparei a Leonardo da Vinci, que apesar de já ter sido uma criança de 2 anos de idade, ficou bom na pintura um pouco mais velho. Se, com isso em mente, você o colocou nesse patamar, quem fez isso foi única e exclusivamente você (eu falaria uma criança de uns 7 ou 8 anos, por mais que eu não goste muito do Miró). Se quiser dizer algo a respeito, pode comentar no lugar adequado àquele texto (como você verá, esse foi um tópico rapidamente debatido).
'Best Wishes'
PS.: Não precisa me tratar por "Vossa Senhoria"; acho que ainda não mereço tamanha deferência. Um "você" está ótimo para mim.
PPS.: Agradeço o pseudo-intelectualóide. Não me acho um intelectual, mas fico feliz em saber que intelectualóide eu não sou (por mais que nunca havia pensando em mim mesmo como tal); de qualquer maneira, agradeço a lisonja, mas achei que era uma coisa que não precisasse ser falada.
Voltando ao assunto do texto. Estava a refletir sobre o mesmo assuno hoje em dia. Escrevi em um post recente (!?!) sobre a "motivação para se seguir em frente", poderia ser a "motivação para se superar" igualmente. A questão é que esse não é o caminho mais fácil. O reflexo da barata na forma do Gigante Adamastor simboliza uma armadilha que a mente contém intrinsecamente. Há de se fazer esforço e há de se querer muito para não cair na armadilha da mediocridade.
É tão conveniente e tão fácil só falar mal, como no exemplo dos EUA. Difícil é consolidar uma democracia baseada em ideais sólidos. O Caos proposto por esses manifestantes caminham na contramão do desenvolvimento, da ordem e do bem. Espero que um dia eles percam essa arrogância e cheguem a um estado de pensamento menos sociopatológico.
Abraços!
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